sábado, 8 de agosto de 2015

Critica: Sense8 (1ª Temporada)


Criada por: The Wachowskis e J. Michael Straczynski
Nº de Episódios da Temporada: 12
Duração dos Episódios: 50 - 66min
Emissora: Netflix
País de Origem: Estados Unidos
Gênero: Ficção-Científica
Classificação Indicativa: 16 anos.

Elenco: Aml Ameen, Doona Bae, Jamie Clayton, Tina Desai, Tuppence Middleton, Max Riemelt, Miguel, Ángel Silvestre e Brian J. Smith

Sinopse:  Cada indivíduo é de uma cultura e parte do mundo diferentes. Em seu cotidiano, todos subitamente têm uma visão da violenta morte de uma mulher chamada Angelica e, a partir de então, eles, de repente, descobrem estar mental e emocionalmente ligados um ao outro, sendo capazes de se comunicar, sentir e apoderar-se do conhecimento, linguagem e habilidades alheios. A esse tipo de dom é dado o nome de Sensate. Enquanto tentam descobrir como e por que esta conexão aconteceu e o que isso significa, um misterioso homem chamado Jonas tenta ajudar os oito. Enquanto isso, outro estranho chamado Whispers tenta caçá-los, usando o mesmo poder "sensate" para ganhar acesso total a uma mente sensate (pensamentos/visão) depois de olhar em seus olhos. Cada episódio reflete os pontos de vista dos personagens que interagem uns com os outros enquanto aprofundam suas origens, suas diferenças e as experiências passadas que possam uni-los.

"And i say: hey! Hey! Heah! Heaaaah! Hey! Heeah. What's going on?"
É realmente engraçado a quantidade de grandes nomes do cinema que vem se aventurando na televisão. Acho que já é seguro dizer que a maioria dos grandes nomes da Hollywood atual tem seu próprio cantinho na "televisão". Temos bons exemplos como David Fincher com House of Cards, ruins como Guillermo Del Toro e o decepcionante The Strain e até o recendo Wayward Pines de M. Night Shyamalan. Talvez um dia eu venha falar dessa mudança que se tem acontecido e como essas grandes cabeças tem visto esse tão popular formato para contar suas estórias. Já estava mais do que na hora dos Wachowskis se aventurarem nessa também. Como todo mundo eu gosto muito do primeiro Matrix e acompanho a carreira desses gênios criativos Acho que esse não é texto para falar de como eles tem decepcionando e errado bastante, mas quero deixar claro que eles são incrivelmente criativos e bem intencionados e que o motivo d tudo o que tentaram ter dado errado é: eles têm MUITAS ideias, mas pouco tempo. E é isso que tem "estragado" seus filmes atuais, como condensar roteiros tão grandiosos e complexos em narrativas curtas e enlatadas para as grandes massas consumirem? É claro que eles tem sido podados pelos estúdios. Seus filmes tem conteúdo demais, porém acabam se tornando cansativos por tentarem passar tanta coisa em tão pouca duração de tempo e ainda por cima criar as cenas de ação que atraem o público que os assiste. Algo que ficou óbvio com o mais recente projeto cinematográfico deles, Jupiter Ascending, é um filme extremamente complexo e bem bolado que é tão grandioso e tão rápido que se tornou confuso ao extremo. Por isso a minha alegria em vê-los produzindo uma série! Principalmente e uma série da Netflix!!! Agora sim eles teriam a disponibilidade de tempo que precisavam para contar suas estórias e o sinal verde pra produzirem todas as maluquices que os estúdios tinham castrado de seus projetos. Chega de falar da carreira dos irmãos Watchowskis vamos falar de Sense8, que se tornou provavelmente o maior caso de 'ame ou odeie' desse ano.
Primeiramente gostaria de deixar claro que gostei bastante da série. Engraçado ver as opiniões das pessoas que a assistiram na época do lançamento. As criticas são sempre extremas, teve gente que odiou com todas as forças e teve muita gente que amou. Acho que me encontro no grupo de pessoas que conseguiu ver mais pontos positivos no projeto do que negativos, apesar de cometerem alguns pequenos grandes deslizes no meio da narrativa. Aqui para mim ficou claro a necessidade que eles tinham de um projeto desse tamanho. É muita coisa, é muito complexo e é muito ambicioso. Como tudo o que eles tem feito desde inicio da carreira. Essa é a palavra certa que descreve Sense8: ambiciosa. É aquele tipo de série que almeja grandes coisas, quebrar tabus, ser completamente única e diferente de tudo. Eles conseguiram até certo ponto. Acho difícil falar do roteiro sem parecer um maluco. Por um lado eu adorei como eles falaram sobre diversidade e orgulho, é uma estória sobre diferenças disfarçada de thriller de ação. Os personagens são maravilhosos e muito bem trabalhados dentro suas tramas. Impressionante como você acaba se apegando e entrando fundo na vida de cada um deles. São pessoas de verdade muito bem trabalhadas dentro de seus próprios clichês. Gosto de acreditar que todos clichês foram propositais para mostrar essa visão estereotipadas que temos de certas culturas e formas de ser. O grande acerto da série não são as mirabolantes e incríveis cenas de ação, são as interações dessas personagens tão humanas. Cada diferença é tratada com carinho e praticamente celebrada, sem frescuras, de forma muito corajosa, real e convincente. Eles pesam a mão um pouco em alguns 'momentos', o que pode afastar boa parte do público, mas se você é o tipo de pessoa que se incomoda demais em ver o mundo como ele é esse não é seu tipo de série, volte a assistir CSI e seja feliz.

Acho que o maior problema é a quantidade grande do que poderia ser chamado de "escapes de roteiro" e a demora absurda para a construção de universo. Estava curtindo a ideia de não termos vilões e os maiores problemas desses personagens ser a própria vida deles, mas finalmente somos apresentados aos bad guys apenas na metade da temporada. E quando acontece tirou um pouco do brilho. Não entendi nada daquela empresa alá Heroes. Ela não é bem construída e não chega a ser muito marcante. É ameaçadora pelo o que podem fazer, tem um vilão com cara de vilão, mas na hora do "vamos ver" acabam falhando miseravelmente em seu objetivo de maneira muito fácil e rápida. Não custava nada terem dado um pouco de mais atenção a isso. Já o que não posso reclamar de resto é o desenvolvimento dos oito personagens principais. Eles são INCRÍVEIS dentro de suas próprias características. Como já falei antes o maior acerto é a celebração das diferenças. Seja cultural, de criação ou de orientação sexual. Todos são bem trabalhados e possuem um grande crescimento na estória. Apesar de às vezes ser um pouco panfletário a série não se perde muito nesses diálogos e possui alguns muito memoráveis. Como o discurso sobre violência dado pela personagem Nomi que é (a atriz também) transexual.

“The real violence, the violence I realized was unforgivable, is the violence that we do to ourselves, when we’re too afraid to be who we really are.”

As cenas de ação também funcionam muito bem e a edição e direção da série não tenho nem o que comentar: SENSACIONAL! O modo como ela foi filmada é de cair o queixo, goste ou não tem que se reconhecer o trabalho de produção e o valor gigante dessa obra. São oito tramas diferentes, com oito personagens diferentes e seus coadjuvantes, filmadas em oito países diferentes e que interagem entre si o tempo todo. É um planejamento absurdo! E só tenho aplausos para esses caras que fizeram cenas inacreditáveis. Você se empolga e se deixa levar rapidinho por aqueles personagens e seus problemões.
Sense8 tenta e tenta ser algo memorável e ao final de seus 12 episódios acaba sendo. Não gostei muito do season finale, na minha opinião o episódio mais fraco da série, mas dentro da proposta valeu. A Netflix renovou hoje mesmo a série e estamos todos confiantes de uma segunda temporada ainda mais excelente. Ela merece. Se você gosta dos Wachowskis e não tem mimimi, assista Sense8, é uma ótima pedida para um fim de semana. A série foi toda montada para se assistir no formato Binge-Watching (as famosas Maratonas) e acho que você deveria vê-la assim!
Nota: 9
Trailer:

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