Duração dos Episódios: 43min – 60min
Emissora: USA
País de Origem: Estados Unidos
Gênero: Thriller
Classificação Indicativa: 16 anos.
Elenco: Rami Malek, Christian Slater, Portia Doubleday, Carly Chaikin, Martin Wallström, Michel Gill, Gloria Reuben e Frankie Shaw
Sinopse:
A série fala sobre Elliot
Alderson, um jovem que vive em Nova York, que trabalha na Allsafe, uma empresa
de segurança cibernética, como um programador. Elliot tem transtorno de
sociofobia, mas se conecta com as pessoas hackeando-as e age como um vigilante
cibernético. Ele é recrutado por um anarquista social misterioso conhecido como
"Mr. Robot", e se junta a sua equipe de hackers, conhecidos como
"fsociety". Uma das suas missões é para derrubar uma das maiores
corporações do mundo, a E Corp (conhecida como "Evil Corp" por Elliot),
uma empresa que Elliot é pago para proteger.
Mr. Robot é o perfeito exemplo
daquele tipo de série que chega calada, como quem não queria nada, sem
atrativos, que você achou por acaso e decidiu ver o piloto e algumas semanas
depois já estava completamente alucinado e subindo pelas paredes. Não sei
existe outra palavra para melhor descrevê-la que: SURPREENDENTE. Sua premissa
não é o que se pode chamar de original, ela é bem clichê e já foi feita e refeita
várias vezes, mas o que tornou sua primeira temporada um hit tão grande foi a execução
minuciosamente bem trabalhada e o roteiro inteligente. A tecnologia sempre foi
um assunto difícil de abordar sem soar panfletário ou brega. A maioria das
produções atuais a representa de maneira cromada e quase sempre meio futurista.
É impressionante como quase a maioria das séries tem um hacker e já cansei de
reclamar como computador na mão de hacker é sempre representado como uma
varinha de condão. São necessários três cliques em uma tela preta criptografada
e softwares inexistentes para qualquer porta ser destrancada, qualquer
identidade revelada e qualquer informação pronta nas mãos dos protagonistas
mais rápido que miojo. Já me acostumei com esse tipo de coisa, mas sempre acaba
irritando ver, por exemplo, a Felicity em Arrow com seus quatro monitores
fazendo tudo sem nem piscar ou, mais recentemente, o Noah em Scream que
conseguia quebrar código que nem a policia estava conseguindo destrancar. É por
isso que Mr. Robot chegou com um pé na porta logo nos primeiros minutos de seu
piloto. Já somos de cara apresentados a um hacker experiente (aaaah, de novo?),
mas dessa vez ele é real e tudo o que faz é crível.
O que a série mais apresentou ao
longo da temporada foi um desenvolvimento surreal de personagens e trama. Elliot
é um personagem incrível, com seus longos e excelentes monólogos sobre a
podridão e superficialidade da sociedade atual, discurso anarquista e rodeado
de personagens tão quebrados quanto ele foi impossível não se apaixonar pelo universo opressivo de Mr. Robot logo de cara. Todo o elenco se segura e entrega
atuações impecáveis, não tem ninguém abaixo da média, todos estão dando
provavelmente seus melhores trabalhos. São inúmeras personalidades transitando
na mesma historia e todas elas possuem sua própria importância na trama
principal. Possuem seus arcos fechados e mesmo divergindo conseguem ser
amarrados de forma orgânica ao plot principal, cada um cumpre seu papel na
trajetória da temporada. Para ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento. É um
roteiro impecável, corajoso e sem escrúpulos. Tudo é muito bem planejado, é
totalmente perceptível ver que estamos acompanhando algo pensado e elaborado.
Isso vai desde os diálogos, as cenas intrigantes, os mistérios monstruosos e
bem construídos e até os títulos brilhantes dos episódios que levam nomes de arquivo
(como o piloto, que se chama: "eps1.0_hellofriend.mov"). O mais legal
de tudo é ver como ela tem inspiração e relação com Clube da Luta em seu discurso anarquista (no final da temporada até lembra um pouco V de Vingança), homenagem
tão grande que o tema do filme, Where is My Mind, toca no penúltimo episódio. Tudo
isso envolto em uma direção impecável, fotografia linda e trilha sonora
fantástica.
O que mais impressiona é como ela
consegue brincar com o telespectador. Assisti-la foi como ler Garota Exemplar
de novo. Somos jogados de um lado para o outro toda vez que informações novas
são apresentadas. Usar Elliot como os olhos do público foi uma jogada sensacional.
Só sabemos o que ele sabe, logo, quando não é para Elliot saber de algo, não sabemos também e os mistérios continuam a ganhar força. Ele quebra a quarta parede e conversa diretamente conosco, nos incluindo dentro
da historia. Isso cria uma sensação de imersão gigante e roteiro faz muito bom
proveito desse artificio ao nos incluir de maneira quase definitiva. Ele fala conosco
quando sabe que sabemos de algo (a frase ficou esquisita, mas uma das teorias
dos fãs estava correta e ele se refere a nós durante essa revelação) e fala quase
que intimamente. Eu fiquei com vontade de bater palmas no finale quando X-personagem vira e grita: PARE DE CONVERSAR COM
ELES. E olha, amigos, que finale,
ein. O que estava confuso sobrou e o que estava louco triplicou. A imersão é
tão grande que quando o maior segredo da série é revelado o roteiro foi
engenhoso de ter nos enganado o tempo todo, estava perfeitamente claro
desde o inicio e todos ficaram tão fixados a uma teoria que se esqueceram de ver
outra coisa que estava obvia o tempo todo (estou fazendo o possível para não
entregar esse spoiler). É fantástico,
dá vontade de aplaudir o a cada nova cena, acredite.
Como deve ter percebido Mr. Robot
foi só amor. Para mim, até agora, foi a melhor série que assisti esse ano.
Fiquei completamente fixado em cada segundo, procurado significados ocultos e
criando teorias. Você não pode deixar passar essa, são dez episódios geniais em
quase todos os quesitos. O season finale ainda cria uma apreensão monstruosa
para a próxima temporada e serviu apenas para aumentar o clima de paranoia em
todos os personagens e principalmente em quem assistia. São cenas tão
deliciosamente bem montadas que é de dar gosto ver algo tão caprichado. Acho
que se compara a Hannibal em matéria de impecabilidade. No fim é uma série que
trata a sociedade e a sua relação com a tecnologia da forma mais cínica possível.
O episódio piloto é uma obra-prima em termos narrativos e a temporada brilhante
completa não fica muito atrás. Eu sei, são muitos adjetivos positivos, mas vale
cada milissegundo do seu tempo. Temporada de estreia perfeita, soube muito bem dosar seu roteiro inteligente com uma carga de mistério que funciona e mesmo depois dos mistérios revelados não perde força. Produção da mais alta qualidade.
Nota: 10
Trailer:
Nenhum comentário:
Postar um comentário