quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Critica: Mr. Robot (Primeira Temporada)

Criada por: Sam Esmail
Nº de Episódios da Temporada: 10
Duração dos Episódios: 43min – 60min
Emissora: USA
País de Origem: Estados Unidos
Gênero: Thriller
Classificação Indicativa: 16 anos.
Elenco: Rami Malek, Christian Slater, Portia Doubleday, Carly Chaikin, Martin Wallström, Michel Gill, Gloria Reuben e Frankie Shaw

Sinopse:
A série fala sobre Elliot Alderson, um jovem que vive em Nova York, que trabalha na Allsafe, uma empresa de segurança cibernética, como um programador. Elliot tem transtorno de sociofobia, mas se conecta com as pessoas hackeando-as e age como um vigilante cibernético. Ele é recrutado por um anarquista social misterioso conhecido como "Mr. Robot", e se junta a sua equipe de hackers, conhecidos como "fsociety". Uma das suas missões é para derrubar uma das maiores corporações do mundo, a E Corp (conhecida como "Evil Corp" por Elliot), uma empresa que Elliot é pago para proteger.


Mr. Robot é o perfeito exemplo daquele tipo de série que chega calada, como quem não queria nada, sem atrativos, que você achou por acaso e decidiu ver o piloto e algumas semanas depois já estava completamente alucinado e subindo pelas paredes. Não sei existe outra palavra para melhor descrevê-la que: SURPREENDENTE. Sua premissa não é o que se pode chamar de original, ela é bem clichê e já foi feita e refeita várias vezes, mas o que tornou sua primeira temporada um hit tão grande foi a execução minuciosamente bem trabalhada e o roteiro inteligente. A tecnologia sempre foi um assunto difícil de abordar sem soar panfletário ou brega. A maioria das produções atuais a representa de maneira cromada e quase sempre meio futurista. É impressionante como quase a maioria das séries tem um hacker e já cansei de reclamar como computador na mão de hacker é sempre representado como uma varinha de condão. São necessários três cliques em uma tela preta criptografada e softwares inexistentes para qualquer porta ser destrancada, qualquer identidade revelada e qualquer informação pronta nas mãos dos protagonistas mais rápido que miojo. Já me acostumei com esse tipo de coisa, mas sempre acaba irritando ver, por exemplo, a Felicity em Arrow com seus quatro monitores fazendo tudo sem nem piscar ou, mais recentemente, o Noah em Scream que conseguia quebrar código que nem a policia estava conseguindo destrancar. É por isso que Mr. Robot chegou com um pé na porta logo nos primeiros minutos de seu piloto. Já somos de cara apresentados a um hacker experiente (aaaah, de novo?), mas dessa vez ele é real e tudo o que faz é crível.
O que a série mais apresentou ao longo da temporada foi um desenvolvimento surreal de personagens e trama. Elliot é um personagem incrível, com seus longos e excelentes monólogos sobre a podridão e superficialidade da sociedade atual, discurso anarquista e rodeado de personagens tão quebrados quanto ele foi impossível não se apaixonar pelo universo opressivo de Mr. Robot logo de cara. Todo o elenco se segura e entrega atuações impecáveis, não tem ninguém abaixo da média, todos estão dando provavelmente seus melhores trabalhos. São inúmeras personalidades transitando na mesma historia e todas elas possuem sua própria importância na trama principal. Possuem seus arcos fechados e mesmo divergindo conseguem ser amarrados de forma orgânica ao plot principal, cada um cumpre seu papel na trajetória da temporada. Para ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento. É um roteiro impecável, corajoso e sem escrúpulos. Tudo é muito bem planejado, é totalmente perceptível ver que estamos acompanhando algo pensado e elaborado. Isso vai desde os diálogos, as cenas intrigantes, os mistérios monstruosos e bem construídos e até os títulos brilhantes dos episódios que levam nomes de arquivo (como o piloto, que se chama: "eps1.0_hellofriend.mov"). O mais legal de tudo é ver como ela tem inspiração e relação com Clube da Luta em seu discurso anarquista (no final da temporada até lembra um pouco V de Vingança), homenagem tão grande que o tema do filme, Where is My Mind, toca no penúltimo episódio. Tudo isso envolto em uma direção impecável, fotografia linda e trilha sonora fantástica.

O que mais impressiona é como ela consegue brincar com o telespectador. Assisti-la foi como ler Garota Exemplar de novo. Somos jogados de um lado para o outro toda vez que informações novas são apresentadas. Usar Elliot como os olhos do público foi uma jogada sensacional. Só sabemos o que ele sabe, logo, quando não é para Elliot saber de algo, não sabemos também e os mistérios continuam a ganhar força. Ele quebra a quarta parede e conversa diretamente conosco, nos incluindo dentro da historia. Isso cria uma sensação de imersão gigante e roteiro faz muito bom proveito desse artificio ao nos incluir de maneira quase definitiva. Ele fala conosco quando sabe que sabemos de algo (a frase ficou esquisita, mas uma das teorias dos fãs estava correta e ele se refere a nós durante essa revelação) e fala quase que intimamente. Eu fiquei com vontade de bater palmas no finale quando X-personagem vira e grita: PARE DE CONVERSAR COM ELES. E olha, amigos, que finale, ein. O que estava confuso sobrou e o que estava louco triplicou. A imersão é tão grande que quando o maior segredo da série é revelado o roteiro foi engenhoso de ter nos enganado o tempo todo, estava perfeitamente claro desde o inicio e todos ficaram tão fixados a uma teoria que se esqueceram de ver outra coisa que estava obvia o tempo todo (estou fazendo o possível para não entregar esse spoiler). É fantástico, dá vontade de aplaudir o a cada nova cena, acredite.
 Como deve ter percebido Mr. Robot foi só amor. Para mim, até agora, foi a melhor série que assisti esse ano. Fiquei completamente fixado em cada segundo, procurado significados ocultos e criando teorias. Você não pode deixar passar essa, são dez episódios geniais em quase todos os quesitos. O season finale ainda cria uma apreensão monstruosa para a próxima temporada e serviu apenas para aumentar o clima de paranoia em todos os personagens e principalmente em quem assistia. São cenas tão deliciosamente bem montadas que é de dar gosto ver algo tão caprichado. Acho que se compara a Hannibal em matéria de impecabilidade. No fim é uma série que trata a sociedade e a sua relação com a tecnologia da forma mais cínica possível. O episódio piloto é uma obra-prima em termos narrativos e a temporada brilhante completa não fica muito atrás. Eu sei, são muitos adjetivos positivos, mas vale cada milissegundo do seu tempo. Temporada de estreia perfeita, soube muito bem dosar seu roteiro inteligente com uma carga de mistério que funciona e mesmo depois dos mistérios revelados não perde força. Produção da mais alta qualidade.
Nota: 10
Trailer:

Nenhum comentário:

Postar um comentário