terça-feira, 18 de junho de 2013

Critica: Segredos de Sangue (Stoker)

Título Original: Stoker
País de Origem: EUA
Gênero: Suspense
Tempo de Duração: 1hr e 40min
Ano de Lançamento: 2013
Estúdio/Distrib: Fox Film
Direção: Chan-wook Park
Atores:  Nicole Kidman, Dermot Mulroney, Mia Wasikowska, Lucas Till, Alden Ehrenreich, Amelia Young, Hanna Frankel, Harry P. Castros, Jacki Weaver, Judith Godrèche.
Sinopse: No dia do aniversário de 18 anos de India Stoker (Mia Wasikowska), seu pai sofre um acidente de carro e morre. A convivência desta garota tímida com a sua mãe (Nicole Kidman) torna-se ainda mais problemática, fato agravado pela visita dos parentes durante o funeral. Entre os familiares presentes, está o tio Charlie (Matthew Goode), um aventureiro que passou a vida inteira entre as cidades da Europa, sem dar sinal de vida. India nunca soube da existência desse homem, mas logo a sua presença traz à tona o sombrio passado da família Stoker. 
"Estréia de Chan-wook Park em Hollywood mostra que o diretor continua o mesmo."
Quem já assistiu algum filme de Chan... - diretor sul-coreano - sabe que o cara é foda. Sua filmografia é marcada com verdadeiras obras-primas, o perturbador filme de vingança OldBoy, a poética historia de vampiros de Sede de Sangue ou o glorioso Lady Vingança. Chan é um diretor de marca, cada um de seus filmes tem seu próprio estilo, totalmente góticos de plásticos, com cenários cheios de detalhes, trilhas sonoras super bem conduzidas e - é claro - um banho de sangue. Não é por pouco que ele é um dos meus diretores favoritos. Stoker é seu primeiro filme fora de seus país de origem, o medo que gerou em seus fãs do diretor não conseguir fazer um bom filme por ser um suspense americano e não coreano era grande (me incluam nessa). Mas logo nos primeiros minutos de filme é notável que estamos presentes de um verdadeiro filme de Chan-wook Park. São mostradas imagens que às vezes são congeladas na tela, os créditos iniciais que aparecem jogados em qualquer canto, a narradora filosofando com frases que não fazem sentido – no início da história, mas que tudo se encaixa no final. 
Todo o clima do inicio nos empurra dentro do universo gótico e opressivo que Stoker trás ao espectador. A historia não é tão pirada quanto a maioria dos roteiros que o coreano está acostumado a trabalhar, isso resulta em um Chan um pouco contido, dá a sensação de que a historia vai explodir em algum momento e o sangue vai jorrar com toda a força na tela, mas esse momento não chega. Acho que se o diretor não fosse pressionado pelos produtores da Fox o filme poderia ser um pouco mais do que é. Mas isso de longe é um problema. O roteiro é incrivelmente bem conduzido, a trama é contada de forma versátil e misteriosa, sempre guardando o melhor para o final. A trama não fica chata em momento algum - talvez o ritmo seja um pouco arrastado para aqueles que não estão acostumados com esse tipo de filme - e o ritmo se mantém correndo o tempo todo. O mais legal da historia é que ela surpreende o tempo todo, em uma cena você acha que pegou tudo, dai vem outra e mostra que estavas errado.  Hitchcock é sem dúvida a maior inspiração de Chan, a cada cena temos uma referencia a algum filme do renomado diretor, que vão desde Um Corpo que Cai até Psicose, e a própria presença do tio Charlie, totalmente inspirado em outro tio Charlie, de A Sombra de uma Dúvida.
O filme trata de um suspense - um tanto erótico (mas sem cenas de sexo, o erotismo é subtendido) - gótico sobre uma família extremamente problemática, onde as coisas vão de mal a pior depois da morte do pai e a chegada do tio. Uma família incomum como os Stokers são não podiam ser interpretados por qualquer atores. O elenco está genial. mas a grande surpresa vem de Mia Wasikowska. Depois de decepcionar e fazer uma Alice sem graça em Alice no País das Maravilhas, a garota explode em seu papel – algo que devia estar guardado bem fundo -, a personagem é profunda e bem trabalhada. A atriz consegue evitar os exageros nas cenas envolvendo sensações extremas, como assassinatos, orgasmos e descoberta de cadáveres, mas consegue segurar todas as pontas nas cenas em que precisava ser mais dramática. Ela rouba a cena ao lado de Nicole Kidman (esticadinha por causa do Botox), que também está incrível, conseguindo ser desprezível quando quer ou tocante. E Matthew Goode que capricha, mas não chama tanta a atenção e está sempre com aquele sorrisinho de galã séquiçi sexy(não que isso seja um problema, era isso o que o personagem requeria).
Porém dentro de todo o produto final o que chama mais a atenção é a fotografia. A direção de Chan combinada com a fortíssima e visual plástica do filme são épicas. Tudo no cenário é bem aproveitado e muito bonito. Caixas de sorvete, os sapatos da personagem principal, a mesa de jantar, os pratos decorados, os livros, a grama, o jardim, o piano, TUDO é formidável. O mais impressionante para mim foi que chegou a despertar várias críticas negativas, dizendo que o filme teria muito estilo para pouca historia. Talvez este seja apenas o porquê o público está muito acostumado com os suspenses hollywoodianos, cheio dês sustos. Ai quando vem um filme pouco convencional a galera cai em cima. Park Chan-Wook fez um filme único, cheio de simbolismo e pouco digerível. Um trabalho para poucos.
Nota: 10
Trailer:
 

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