sexta-feira, 17 de maio de 2013

Critica: Maria Antonieta (Marie Antoniette)

 Texto por: Luiz Eduardo Machado
Título Original: Marie Antoniette

País de Origem: EUA
Gênero: Histórico/Drama
Tempo de Duração: 2hrs
Ano de Lançamento: 2005
Estúdio/Distrib: Columbia Pictures
Direção: Sofia Coppola
Atores: Kirsten Dunst, Jason Schwartzman, Rip Torn
Sinopse: A princesa austríaca Maria Antonieta (Kirsten Dunst) é enviada ainda adolescente à França para se casar com o príncipe Luis XVI (Jason Schwartzman), como parte de um acordo entre os países. Na corte de Versalles ela é envolvida em rígidas regras de etiqueta, ferrenhas disputas familiares e fofocas insuportáveis, mundo em que nunca se sentiu confortável. Praticamente exilada, decide criar um universo à parte dentro daquela corte, no qual pode se divertir e aproveitar sua juventude. Só que, fora das paredes do palácio, a revolução não pode mais esperar para explodir.

"Um filme brilhante, histórico sem ser chato."
Um sensacional filme de Sofia Coppola, Maria Antonieta é impecável. No filme somos apresentados a divertida visão da diretora sobre quem foi à controversa rainha da França, de quem a diretora se diz fã. Maria Antonieta é um filme de época um pouco diferente do normal, o que, neste caso, é extremamente positivo. Por que diferente? Hoje em dia, só em falar em “Filmes Históricos” as pessoas já estremecem, imaginando música clássica e diálogos enfeitadinhos e longos. Não. O filme acerta em trazer uma clássica história para o público atual em uma narrativa divertida e gostosa de assistir. Desde que foi exibido no Festival de Cannes, em 2006, muito se comentou sobre longa. O que houve foi que tanto o público quanto a crítica acharam o filme superficial. Foi mal visto a todos os aspectos, mais tarde enxergaram merecidamente (ao menos) o primoroso visual, rendendo até mesmo um Oscar de Melhor Figurino. O que é injusto, e é bom ver que alguns anos depois ele é finalmente reconhecido como Cult.
É incrível como interage com o expectador. A direção de Sofia Coppola (filha de Frances Ford Coppola) é genial, a diretora tem a mão forte e sabe o que mostrar e o que não mostrar e como mostrar. Um filme que mostra que não precisa ser todo mastigado e explicado para se tornar entendível. Exemplo, vemos um quadro, nele vemos Maria Antonieta com seus três filhos, vem dois homens e retiram o quadro do lugar, eles voltam com o mesmo quadro, mas dessa vez tem um filho a menos, a cena corta para um velório. Entenderam? Não precisa falar que X pessoa morreu, se fosse qualquer outro diretor medíocre teríamos um diálogo entre dois personagens explicando as causas da morte. Não é necessário. E é nisso que Sofia se sobressai. Todas as ideias da diretora são geniais. A maioria das cenas são embaladas por rock clássico, que combina muito bem com o clima e a personagem. O filme é inteiramente pop. Sofia é tão genial em tornar o clássico em algo chamativo e atual, que em certa cena do filme (quando a rainha está comprando sapatos) é possível observar um All Star atrás das pernas de Antonieta. Isso é simplesmente fantástico, todo o significado da sua rebeldia associada algo totalmente atual. O filme é muito pop, muito colorido, bonito e chamativo. Os aspectos técnicos são maravilhosos. Além da trilha sonora, todo o resto é impressionante: a fotografia, a estonteante direção de arte e nem preciso falar dos figurinos (o Oscar já fez questão de falar dele por mim), certo?
No filme não mostram  nem por um segundo que a Revolução Francesa estava acontecendo, nem os pobres passando fome em Paris. Vemos apenas uma jovem rica agindo como uma rica que gosta de riquezas e gastar muita – MUITA – grana, e tudo isso embalado por músicas de rock dos anos 80 e atuais. Assim, quase automaticamente, todos dizem que o filme glorificava o consumo e a futilidade, que ele não se aprendia história e ainda se batia palmas para o capitalismo. Vemos repetidas vezes a rotina da Antonieta. Uma ridícula (como a própria Antonieta chama) cerimônia da vestimenta ao acordar, refeição com o marido, à Igreja, à Fofoca com algumas damas da corte. Essas coisas são vistas cansativamente quase que dos mesmos ângulos, porém, sempre de forma diferente. Mas a jovem Antonieta sente-se angustiada. Ela até tenta, mas além de achar todas as suas responsabilidades e tarefas muito chatas e bobas. É aí que ela se rebela. Dá as costas ao protocolo de Versalhes em busca de outra coisa. Reinventar sua rotina.
A famosa frase atribuída à rainha (me recordo que á muitos anos assisti um programa na Discovery Channel sobre a rainha e eles faziam questão de repeti-la o tempo todo), mas que teoricamente ela nunca disse de verdade, aparece no filme: “Se o povo não tem pão, que coma brioches”. Sofia Coppola em uma grande cena, faz questão de inocentar Maria Antonieta. Ela mostra a rainha falando que jamais diria tamanha besteira.  
Um outro ponto gigantesco do filme, além das partes técnicas e da direção de Coppola, é a brilhante e marcante atuação de Kirsten Dunst (que nunca tinha mostrado nada impressionante antes). Ela é simplesmente perfeita desde o primeiro momento em que aparece. Expõe de maneira incrivelmente realista seus sentimentos: alegria, tristeza, irritação, tédio. Kirsten Dunst é uma grande atriz e sua Maria Antonieta é extremamente carismática. O elenco, em geral, também atuou muito bem, mas Kirsten Dunst rouba absolutamente todas as cenas. 
A cena final é fantástica. Não havia maneira mais simples e bonita de encerrar a destruição dos monarcas franceses. Sofia Coppola está de parabéns e já ganhou um posto na minha lista de grandes diretores.
Vale MUITO a pena assistir essa obra-prima.
Nota: 10
Trailer:

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