Critica: Uzumaki (Filme)

Título Original: Uzumaki

País de Origem: Japão

Gênero: Terror

Tempo de Duração: 90 minutos

Ano de Lançamento: 2000

Direção: Higuchinsky

Sinopse: Habitantes de uma cidadezinha no Japão, são assolados por uma obsessão pela forma geométrica da espiral. Kirie Goshima e seu namorado Shuichi Saito testemunham de perto todos os fatos estranhos e a loucura que os cercam enquanto tentam descobrir o mistério da espiral. 

“Adaptação do fantástico mangá homônimo de Junji Ito, filme empobrece tudo o que fez a obra original ser especial.”

Quem leu a critica que fiz ontem viu como admiro Ito e suas historias fantásticas. Fiquei sabendo sobre o mangá por causa desse filme mesmo, em quanto a meses atrás zanzava em um site de criticas onde falava sobre ele, obviamente o autor citou os quadrinhos em que o longa se baseou. Por curiosidade baixei e li a historia em uma tarde. O resultado você pode ler no texto que postei ontem. Nunca tive realmente a vontade de assisti-lo, mas essas semanas vi novamente outra critica sobre ele, falando um pouco melhor do que a ultima. Com um pouco de esforço e força de vontade achei em português (é difícil por que nunca chegou a ser lançado no Brasil) e devo dizer que é bem pior do que pensei.

Tudo o que fazia a obra original ser especial foi perdido aqui. Tem coisas que não funcionam e nunca funcionariam em tela como funciona no papel (só por curiosidade nenhuma das adaptações dos mangás de Ito deram certo – pelo menos das que eu assisti) o que era terrivelmente perturbador e chocante nos desenhos de Junji se tornaram cenas toscas e ridiculamente engraçadas (especialmente o pai de Shuichi girando os olhos separadamente – a cena nos quadrinhos é grotesca já no filme eu não conseguia parar de rir). Tendo poucos acertos, carece de roteiro, atuações e efeitos visuais decentes, não falo isso por se tratar de um filme asiático (já que existem longas asiáticos que são verdadeiras obras-primas do cinema). 

O roteiro é o maior problema, é simplesmente horroroso. Empobrece tudo o que Ito escreveu. Entendo que quando se vai adaptar algo cortar algumas partes é inevitável, mais aqui basicamente 90% da historia foi botada de lado. As situações vão sendo jogadas em tela de qualquer jeito, dando a impressão de ser algo desnecessário e as resoluções dessas cenas são relaxadas e apressadas. As atuações são péssimas, os personagens perdem todas as características e personalidades que os faziam ser especiais. Kirie principalmente, a atriz é chata e irritante. Desculpe a grosseria, mas parece uma criança de cinco anos que não sabe pra onde olhar ou controlar suas emoções. Quando é para estar feliz soa como forçado, triste, com medo ou raiva, ora, pra que atuar se posso franzir a testa e abrir a boca? Muito, muito e muito ruim.

Mas para não só falar mal devo ressaltar alguns momentos ótimos, como a edição, que por um lado é ruim e por outro muito bom. Em certos momentos parece um filme infantil ou o programa do Discovery Kids por causa dos sons e as musiquinhas que são postos (com “poing” ou “tãdãm”, é horrível), mas em outros é fantástico o jeito que interage com a tensão, ajudando a lamentá-la. As trocas rápidas e a câmera nervosa realçam muito isso. A fotografia é obscura, com tons frios e esverdeados com pontos onde a cor forte se destaca (o casaco vermelho que a Kirie usa, por exemplo). A trilha sonora não se destaca, mas é eficiente.

Enfim, Uzumaki não é de todo tão ruim, tem tanto seus momentos de glória quanto seus momentos de puro desgosto. Pode até servir como um divertimento prévio, mas para quem leu a obra original se torna irrelevante de se assistir.

Nota: 5,5

Trailer:

Trailer consegue ser melhor que todo o filme.

Sobre algumas cenas:

(contém SPOILERS)

- No inicio do filme quando Kirie e Shuichi estão andando de bicicleta eles passam por um policial (que inexplicavelmente começa a xingar) na banca onde ele está aparece uma foto de Junji Ito e um auto-retrato dele mesmo que está no primeiro volume.

- Um dos fatos que mais me incomodaram no filme foi o fato da mãe da Kirie estar morta, e ela só tem o pai. Isso é extremamente estupido por que no mangá ela tem Mãe e irmão também. Não faz sentido terem posto aquilo.

- Cena completamente desnessessária foi a que o cara da banca da de presente a ela um melão e a garota começa a "cheirar" ele. Não serviu de nada a cena. NADA!

- Explicar o passado de Shuichi e Kirie foi forçar a barra, não tem o por que, não precisamos saber que os dois são amigos desde pequenos, só precisamos saber que os dois são namorados. Explicar o passado é irrelevante.

- Só para uma pequena comparação CENA NO MANGÁ e CENA NO FILME (clicar nos links) percebem a diferença?

- Dentre as cenas que não tem boa resolução as principais são: O garoto apaixonado pela Kirie e se mata por ela, no filme fica por isso, não voltam a tocar no assunto. No mangá ele volta a vida como zumbi e ataca os Kirie e Shuichi.

- Os homens-caracol são introduzidos na trama mas não volta a mostra-los até o final, sem realmente dizer como ou o que aconteceu com eles.

- O cabelo com vida e cheio de espirais que ela e a outra garota possui aparece, some, não volta a ser mostrado e mostra como termina no final da forma mais WTF possível.
- Erros de continuidade também são frequentes, na cena em que o garoto se joga contra o carro (imagem lá em cima) pode perceber como ele tem os dois olhos, já quando mostra o carro a câmera dá um close no capô e podemos ver um olho preso no vidro como se tivesse saltado ali. Primeiro: quando mostra o cadáver ele tem os dois olhos - de quem é o terceiro olho? - Segundo: o olho estava posicionado de um jeito que só seria possível ficar preso ali se fosse jogado pelo lado de dentro.

- A única cena que eu realmente me senti mal e tenso foi a que um bichinho simpático que eu gosto de chamar de "lacraia" aparece. A tensão voou a mil. Odeio esses insetos O__O

- Tem um final diferente do mangá, isso por que foi lançado antes do terceiro volume ser lançado. Ou seja, antes da obra ser concluída.