Título Original: It Follows
Título no Brasil: Corrente do Mal
País de Origem: Estados Unidos
Gênero: Terror
Tempo de Duração: 1hr e 40min
Ano de Lançamento: 2015
Estúdio/Distrib: California
Filmes
Direção: David Robert Mitchell
Elenco: Maika Monroe, Keir
Gilchrist, Daniel Zovatto, Jake Weary, Olivia Luccardi e Lili Sepe
Classificação Indicativa: 14 Anos
Sinopse: A jovem Jay (Maika Monroe) leva
uma vida tranquila entre escola, paqueras e passeios no lago. Após uma transa,
o garoto com quem passou a noite explica que ele carregava no corpo uma força
maligna, transmissível às pessoas apenas pelo sexo. Enquanto vive o dilema de
carregar a sina ou passá-la adiante, a jovem começa a ser perseguida por
figuras estranhas que tentam matá-la e não são vistas por mais ninguém.
It Follows é um filme nostálgico.
Já estamos em uma era em que o gênero de terror está completamente desgastado,
é difícil de admitir, mas é verdade. Acho que se posso afirmar que tem um gênero
que me ajudou na minha formação de cinéfilo esse é o terror, horror, suspense e
afins. Desde sempre fui fascinado pelo macabro e já vi MUITOS filmes de todos
os tipos. O que me ajuda a reforçar a tese de como o gênero está desgastado é
ver a quantidade de obras idênticas ou continuações lançadas nos últimos anos.
Tivemos bons filmes, sim, mas esses são raros e vêm aos poucos. Costumo dizer
que todo ano tem seus bons filmes de terror (que de um tempo para cá acabaram
se limitando a apenas dois) e o resto acaba sendo o resto. A televisão tem ganhado
muito mais visibilidade nesse meio do que o próprio cinema. Com produções como
Penny Dreadful, American Horror Story e até o teen Scream lançado esse ano. Em 2013 tivemos o ótimo remake de
Evil Dead e o assustador de verdade Invocação do Mal, em 2014 o macabro The
Babadook e o perturbador ao extremo Honeymoon. Esse ano está fraco, mas acho
que se formos pesar na balança, esse é o melhor lançado até agora, pelo menos o
único que merece alguma atenção.
O que torna It Follows tão bom é
sua atmosfera completamente setentista criada pela excelente direção de David
Robert Mitchell. O conceito da trama é algo muito criativo a até que um pouco
inovador. Não é um fantasma comum, não temos uma longa investigação sobre seu
passado e não recebemos informação nenhuma, somos tão inocentes quanto a
protagonista e isso foi muito bom na criação do clima opressivo e paranoico que
a historia exerce sobre o telespectador. O roteiro é simples e o desenrolar de
toda a narrativa poderia ter sido até mais simples. Há um claro enxerto de personagens
(elementos demais) e a necessidade de se criar um clímax atrapalha o andamento
(a cena inteira da piscina é desnecessária e ilógica), mas dentro da proposta
caba funcionando muito bem. O roteiro claramente tenta criar um paralelo entre
as peculiaridades da trama com problemas sociais. O conceito do fantasma é
explicitamente uma metáfora para a AIDS e outras DSTS, além do traço incrível
criado para falar sobre a sexualidade na adolescência, a repressão feminina
(falar sobre sexo sem parecer panfletário foi uma sacada incrível, fica de
exemplo a simbólica cena de Jay se olhando no espelho logo no inicio do filme),
a ausência constante de pais e como isso forma uma independência forçada e
ainda abordar a decadência social da de Detroit (outro exemplo, o monólogo
perto do clímax sobre o lado sul da cidade). São sacadas simples, tratadas com
naturalidade em um roteiro sutil que fazem toda a diferença, você sai da seção
pensando nele.
Como se trata de um filme de
terror, têm muitos jumpscares, a
direção de Mitchell é sensacional e cria uma atmosfera extremamente paranoica.
São elementos muito bem montados e minuciosamente planejados. Não é um filme
apressado, ele sabe muito bem como montar as situações de forma a deixar o
telespectador na ponta da cadeira. São longas cenas filmadas com uma maestria e
uma grande delicadeza. Como, por exemplo, os planos sequência em que a câmera gira
por todo o local mostrando muito pouco, zooms
lentos para ressaltar a urgência das situações, um foco em detalhes pequenos
que fazem a diferença (Jay brincando com a flor no carro é algo muito sutil e
bonito), a câmera presa na cadeira de rodas e muitas outras cenas extremamente
bem dirigidas. No final, It Follows trata-se de um ótimo exercício de estilo. O
clima do filme evoca o tempo todo o espírito de John Carpenter. Os figurinos
são completamente setentistas, a direção é calma e a trilha sonora
"vintage" com sintetizadores é SENSACIONAL, é um filmes esteticamente muito bem sucedido. Mas como nem tudo são
flores o elenco acaba atrapalhando às vezes. De todos os nomes a única pessoa
que podemos dizer que está realmente bem é a protagonista Mayka Monroe que
consegue transmitir todo o medo e a frustração da personagem. O resto entrega
atuações normais, de medianas para baixo, que não são nem dignas de nota. O filme
ainda acaba recorrendo a alguns clichês do gênero para criar cenas mais
assustadoras, mas não é muito bem sucedido quando tentar ser um “filme de fantasmas
normal” o que acaba frustrando por não ser tão assustador de verdade. Ele cria
uma boa atmosfera, mas não assusta mais que um ou dois jumpscares.
Uma boa experiência e um ótimo
terror, It Follows (Corrente do Mal foi mais um péssimo título nacional) é um
filme que vale a pena ser conferido por qualquer um que aprecie obras do gênero,
tem um roteiro bem estruturado e um clima nostálgico, uma direção excelente e
uma trilha sonora incrível. Uma boa recomendação, eu sei que eu vou assistir de
novo com certeza.
Nota: 9
Trailer:
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